sábado, 8 de outubro de 2011

Mi oscura claridad...

Ele caminhou na sua direcção, tão eloquente como entrou na sua vida. E o sonho começou. Ela cerrou os olhos, e quando os abriu o mundo era completamente diferente. Ela já não se sentia perdida, pelo contrário. Sentia a sua presença quente e o seu espírito forte, que a mantinham segura. Assim do nada, rendeu-se aos seus encantos. Uma estranha sensação, como se de uma mão amiga se tratasse, levou-a a confiar-lhe os seus segredos mais íntimos. Aqueles que ela evitara contar aos seus amigos de infância, ela contou para ele, o desconhecido. 
Os seus longos cabelos escuros caíam-lhe sobre a face bem desenhada, enquanto os seus lábios proferiam conselhos sábios. A sua voz era calma, grave, serena... uma qualidade inerente aos seus olhos, olhos esses que ela não conseguira decifrar, apesar de exímia nesse jogo. Olhos esses, para os quais ela olhara e não conseguira tirar uma única conclusão. O seu corpo bem delineado despertava nela um interesse fora do comum. Queria tocar, queria beijar. Queria poder estar mais próxima dele, sem o assustar. Queria poder dizer-lhe que não tinha más intenções, de todo. Mas era demasiado cedo.
O seu corpo exprimia marcas "de guerra". Marcas essas que ela conhecia muito bem, visto que ela também as possuía. Não importava, de forma alguma. Ele era um ser perfeitamente imperfeito aos olhos dela.
Ele não a ia deixar sozinha, e ela não queria ficar sozinha. Por isso mesmo, a despedida foi tão difícil e ela continuou o seu caminho até casa, pela primeira vez, segurando nas duas mãos o telemóvel, esperando noticias... ou talvez um último beijo rápido sem ela dar conta. E caminhou, de sorriso adolescente na cara, sonhando com o amanhã.

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