quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

NANA


Something like this.

Quero viver... Eu acho...

Estou morta por dentro... Aqui só há vazio... Vazio e desejo. Desejo de sentir ardentemente, de beijar apaixonadamente, de me envolver calorosamente. Desejo de sentir tudo o que há para sentir, de experimentar tudo o que há para experimentar. E se acabar por me destruir, o que tem?! Pelo menos vivi! Pelo menos sei que VIVI!
Quero ser livre... Quero voar... Quero ser outro alguém. Não quero ser ninguém! Quero ser tudo! Não quero ser nada!
Quero amar! Amar perdidamente. Amar como nunca amei. Dar-me completamente a outrem. Oferecer-me sem consequências nem retaliações. Sem arrependimento! Só amor! Amor apaixonado e consumista! Amor egoísta e fatal!
Quero ser uma sem limites. Uma fora-da-lei. Quero ser diferente. Quero ser vulgar. Quero errar. Errar e acertar. Quero cometer crimes. E não pagar por isso. Quero ter liberdade total...
Quero sentir no corpo o que nunca senti na alma. Quero sentir dor. Quero sentir prazer. Quero sentir tudo! Não quero sentir nada!
Desejo poder possuir-te. Amar-te. Quero consumir todo o teu ser, toda a tua essência. Quero-te todo para mim. Sem dúvidas. Sem ressentimentos ou arrependimentos. Só tu e eu, eternamente.
Quero sentir o fogo a queimar-me viva. Quero sentir a chuva a bater na minha face pálida. Quero sentir o frio congelar-me o corpo e infiltrar-se pela minha pele, arrepiando-me os ossos. Quero sentir o calor abrasador desgastar cada uma das minhas células.
Quero agir sem pensar. Quero matar. Quero amar. Quero prazer. Quero tudo e não quero nada! Quero caminhar pela rua, à noite, sozinha e desnuda, com uma garrafa vazia de vodka pura numa das mãos e um cigarro e os saltos altos na outra. Quero sentir as estrelas perfurarem o meu corpo ainda em êxtase da trip de à duas horas atrás. Quero as sentir todas. 
Só...Quero viver...Eu acho...

terça-feira, 20 de dezembro de 2011

Cirque du Soleil - Alegria

Saudades do que nunca tive


Tenho saudades de ter alguém. Alguém que eu nunca possui.
Alguém com quem partilhar a cama e a vida. Sem complicações. Sem rótulos. Simplesmente amor. E paixão. Paixão ardente. 
Alguém que me ame e me aceite tal como eu sou. Sem ciúmes, sem erros, sem justificações. Alguém com quem eu possa beber, e ficar na cama o dia todo. Alguém com quem eu não me sinta mal por ter a pele à mostra. E que me faça não ter vergonha de mim. 
Alguém com quem eu consiga falar o dia todo. E ficar sem ar de tanto me rir. Alguém que me agrade sempre. 
Tenho saudades de ter alguém assim...

Things I Love


quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

Rasgos de mim: Manifesto às multidões - ínicio

Quando voltei a mim e tomei consciência
 - Do destino que me estava traçado,
Enterrei a minha face nas minhas mãos,
E a minha alma esvaiu-se em lágrimas.
Olhei para ela, brilhante, cintilante,
Neutra, pura, outrora completa.
Corre! Foge! Enquanto podes...

Deixa-me aqui para morrer...

Subitamente o óbvio atingiu-me,
Como se de um relâmpago forte
Se tratasse...

Olhei para os meus pulsos fracos,
- Nenhum sangue corria por eles.
Junto com a minha alma
Fugira também a minha vida.
Ó cobarde e cruel vida a minha!
Que me deixas aqui para morrer 
Sozinha. Moribunda e sozinha...
Traidora como nenhum dos mil sóis,
Que afogam a lua cada vez que surgem!
E iluminam a Humanidade, esses animais,
Aclamados de Reis e senhores do universo!
(Não passam de uns pobres de espírito!)

Morram todos! Morram agora!
E levem convosco a vossa criação!
Não passam de acessórios, distracções!
Morram todos e não voltem mais!
Deixem-me aqui sozinha, nesta noite,
Envolta nas sombras, minhas amigas,
Companheiras dos momentos árduos.
Morram todos e não tornem à vida!

Pois ela não vale mesmo a pena...

Give You My All - Eyes Set To Kill

quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

Ok

Os seus olhos perdidos de dor, naquela cinzenta manhã de Janeiro, caminhavam por uma rua abandonada daquele que tinha sido um dos bairros bem frequentados do Porto, há uns cinquenta anos atrás. Carregava consigo a dor de meio mundo, somente por ser quem é. Nos ombros pesados assentava uma bola pequena, e nela um sorriso falso pendurado, que de quando em vez descaía, mostrando a sua verdadeira face. 
Era um monstro.
O coração estava despedaçado e despedaçara outros tantos como ele, e os olhos... Perdidos, (literalmente) não se afeiçoavam nem à mais deslumbrante paisagem.
Estava perdido, não só para si, como para o mundo.
Os pulsos cortados deixavam um rasto de sangue negro, empestado pela negrura da sua alma e, como monstro hediondo que era, deixando um cheiro pútrido a maldade e álcool, por essas vielas desertas.
Não sabia quem tinha sido, ou quem era. Apenas sabia que não pertencia ali. Na verdade não pertencia a lugar nenhum. Os seus olhos procuravam algo ou alguém conhecido. Tinha sido em vão. Todos os quilómetros percorridos, esvaindo-se em sangue, tinham sido em vão. 
Estava morto, não só para si, como para o mundo.

quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

Secret

Ela caminhou, pela berma da estrada, lentamente. Pé ante pé, como se não tivesse para onde ir. Via essa criatura da janela do carro em andamento, enquanto que uma música calma me alimentava os ouvidos. Era somente uma mulher. Mas mais que isso. Era um espírito, que caminhava sem descanso, pela eternidade. Pensei que somente eu a conseguia ver, mas agora sei que há mais "loucos" como eu. Ainda bem... Ainda mal! Agora sei que existem mais pessoas que sofrem tanto ou mais que eu. Queria poder suportar o peso delas nos meus ombros, mesmo que me destruísse. Queria que não houvesse mais pessoas como eu. Mas por outro lado... Ainda bem que há. Sentia-me sozinha... Louca. Agora sei que posso pedir ajuda...
Conheço a história dela. Procurei ignorar. Não mais. Nunca mais. Tem trinta e poucos anos e uma mentalidade fraca. Foi drogada numa discoteca e trazida para um caminho, à face da estrada nacional, onde foi violada e espancada. Traz consigo uma nota na mão, com a palavra socorro escrita a caneta preta. Tem dificuldade a andar e o olhar é muito vago. Ajuda?