quarta-feira, 21 de julho de 2010

Encontro com a morte

Eu tentei entende-lo, mas em vão. Os comportamentos dele desconcertavam-me. Como era possível ele sacrificar-se tanto por pessoas que não o mereciam? Se calhar sou eu que estou a pensar mal, mas não conseguia entender, simplesmente não conseguia.
Depois de tudo o que vi na vida dele podia afirmar concretamente que aquele rapaz de apenas 16 anos desejava a morte.
E então decidi dar-lha.
Uma noite segui-o enquanto ele se encaminhava para casa e atraí-o para um beco. E foi então que ele se deparou com a morte pela primeira vez.
- Olá - disse eu com calma - sabes quem sou?
- Olá. Sim, sei. És a morte, e és muito mais atraente do que eu estava à espera.
Ruborizei...afinal de contas não é todos os dias que se elogia a morte!
- Hum...obrigado, acho eu. Sabes por que estou aqui, meu querido?
- É óbvio, vieste me fazer um favor. Vieste para me matar.
- Não, para variar não vim necessariamente para te matar! Vim fazer-te uma proposta.
- Qual, anjo da noite?
Ruborizei de novo. Não sabia que ainda era capaz de sentir aquele friozinho na barriga. Que está ele a tentar provocar em mim?
- Quero que sejas o meu companheiro. Eu sou imortal, por isso estou condenada a uma eternidade sozinha...Mas não tem de ser assim. Eu vi o que provocas nas pessoas. Tu matas-as de prazer, literalmente. Quero-te comigo.
- Sim.
- Sim o quê?
- Sim, aceito. Estava a ver que nunca mais pedias.
Mal disse isto avançou na minha direcção, colocou uma mão na minha cintura e puxou-me para realmente perto dele. Paralisei.
- Vou-te proteger Maria. - o meu nome quando era viva - Tu não me encontraste. Eu é que te trouxe até mim. És o meu destino. E eu amo-te.
E aproximou-se mais...e mais. E os nossos lábios tocaram-se.

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