terça-feira, 22 de novembro de 2011

Ela

Nos seus olhos, sem querer, eu posso ver,
Uma miserável vida de total decadência.
Olhos tristes, eles com vontade de morrer,
Sorri alegremente, mas é apenas aparência.

A sua mão delicada nunca poderás agarrar,
O seu abraço forte nunca poderás possuir,
Assim como o coração não poderás domar,
E o seu amor nunca, nunca poderás sentir...

Vive sozinha no mundo e aprendeu a gostar,
Sabe que a sua mera presença aqui é efémera,
Não se preocupa em conquistar ou encantar,
Pois em si mesma não haverá outra primavera.

Era capaz de morrer, somente pelo seu objectivo,
E morrerá de novo, se para o realizar tiver de ser...
Viver sem nenhuma aspiração ou desejo obsessivo,
E caminhar lentamente para o destino, sem sofrer.

É, porém ela a razão que não me deixa continuar,
É por ela que eu permaneço, na noite fria, a sofrer.
Cuidado, sou eu quem escreve, não te deixes enganar,
Ela não é uma ela, eu não sou eu, e prepara-te tu,
Prepara-te para morrer.

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