quarta-feira, 16 de novembro de 2011

"Desenquadrada"

Desenquadrada!

Desenquadrada, eu sem lugar,
E sem um sítio onde pertencer.
Sem uma casa onde habitar,
E sem um local para morrer.

Desenquadrada, desenquadrada!

Deixo o lar, aquele que me viu crescer,
Caminhando, lenta, de mala na mão,
E, caminhando, vejo o céu escurecer,
Oh, se eu encontrasse o meu coração!

Estou perdida para o mundo,
Caindo num abismo sem fundo.
E sem me aperceber já escureceu,
Hoje a noite, por aqui, já começou.
Pois, por aqui, o tempo não parou,
E o meu ignóbil corpo já pereceu.

Desenquadrada, sempre!

Sem-abrigo, eu, eternamente,
Vou falecendo lentamente,
E o meu corpo, ainda quente,
Revolta-se contra o mundo,
E vai caindo, peregrino,
Caindo lentamente,
Naquele abismo (o mesmo que abomino),
Naquele maldito abismo sem fundo!

Desenquadrada, eu, sempre.

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