Desenquadrada!
Desenquadrada, eu sem lugar,
E sem um sítio onde pertencer.
Sem uma casa onde habitar,
E sem um local para morrer.
Desenquadrada, desenquadrada!
Deixo o lar, aquele que me viu crescer,
Caminhando, lenta, de mala na mão,
E, caminhando, vejo o céu escurecer,
Oh, se eu encontrasse o meu coração!
Estou perdida para o mundo,
Caindo num abismo sem fundo.
E sem me aperceber já escureceu,
Hoje a noite, por aqui, já começou.
Pois, por aqui, o tempo não parou,
E o meu ignóbil corpo já pereceu.
Desenquadrada, sempre!
Sem-abrigo, eu, eternamente,
Vou falecendo lentamente,
E o meu corpo, ainda quente,
Revolta-se contra o mundo,
E vai caindo, peregrino,
Caindo lentamente,
Naquele abismo (o mesmo que abomino),
Naquele maldito abismo sem fundo!
Desenquadrada, eu, sempre.
que bonito! *.*
ResponderEliminarhá muito que não lia poesia (...)