terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

Sonho

Matam-me o sonho, matam-me a vontade. Matam-me o querer, deixando somente a saudade. Imploram para que ela, essa maldita, me tome e me consuma até ao mais ínfimo pormenor da minha alma. "Afoga-te, monstro pensador!" - dizem eles.
Aprisionaram-me como a uma ave numa gaiola d'ouro. Querem-me tirar o pensamento, arrancar de mim tudo o que faz sentido. O que eles não sabem é que já é pouco o que faz sentido para mim... Nem eu faço sentido já. Sou como um livro escrito ao contrário, e a minha tinta escorre pelo meu corpo, lenta e pesadamente, representando todo o meu ser a esvair-se pelos meus poros.
Pois vejam! Vejam bem! Estou de pé e pronta a bater asas! Não me conseguiram domar e nunca conseguirão, demónios de fato! Pois eu, qual rainha da selva, sou a indomável.

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