quinta-feira, 22 de setembro de 2011

O Fiel Jardineiro





No filme “O Fiel Jardineiro”, Justin Quayle é um diplomático britânico, com um grande interesse em jardinagem, que tem de substituir um colega numa palestra. Nessa palestra Justin conhece a activista dos direitos humanos Tessa, que o “ataca” com perguntas. A principio existe algum atrito entre eles (visto que ele era um pacificador e ela era uma activista feroz e irreverente), mas acabam por se apaixonar, casam, e vão para África, para onde Justin tinha sido transferido. Contudo, o idealismo de Tessa é muito criado pelos colegas do marido e, durante uma viagem de trabalho a uma área remota do Quénia, ela é assassinada e todos tentam convencer o Justin que foi Arnold, um médico que trabalhava com ela, o culpado.
Apesar das ameaças de morte que recebeu ele decide investigar a morte da sua mulher e acaba por descobrir uma conspiração internacional, protagonizada por governos e multinacionais farmacêuticas, que testam medicamentos em seres humanos. Paralelamente, sob o pretexto de impedir o alastramento da Sida no Quénia está a ser testado um novo medicamento para a tuberculose, cujos efeitos secundários graves estão a ser ocultados pelas pessoas que estão no poder. Embora isso represente um enorme risco para Justin, incluindo a morte, ele prepara-se para divulgar o caso.          
Para quem assistiu ao filme “O Fiel Jardineiro” é bem visível a crítica às empresas farmacêuticas e ao modo como África é vista pelo resto do mundo, em que os seus países são inferiores aos outros, nomeadamente aos do hemisfério norte, os países ricos. A forma como o povo africano é tratado pelas farmacêuticas, empresas multinacionais com grande poder, (no geral) é desumana, recebendo medicamentos fora de prazo que matam mais do que curam; e no entanto nós, aqui no mundo desenvolvido, no conforto dos nossos lares, pensamos muito bem dessas farmacêuticas que enviam tantos medicamentos que vão “ajudar” os mais desfavorecidos!            
É a hipocrisia levada ao mais alto nível. Hipocrisia da sociedade em geral e hipocrisia nossa, cidadãos comuns.  Hipocrisia minha em particular. Todos nós temos pena que eles não tenham um lar onde dormir, comida para comer, água para beber, escolas para estudar, hospitais para se curarem… Mas o que fazemos? Contribuímos com uns euros de vez em quando e com algumas roupas de que já nem gostamos. Tratamos os países em desenvolvimento como se fossem o nosso lixo. É a prova da insensibilidade do mundo perante esta situação.
O ponto que mais me tocou foi, muito provavelmente, um pormenor que talvez tenha escapado à maior parte das pessoas. O facto de os flamingos que se encontravam no lago perto de onde Tessa foi morta levantarem voo, tanto aquando da morte de Tessa como da morte de Justin, tendo em conta que ele se “suicidou” no mesmo lugar onde a esposa foi assassinada. Para mim revelou-se como um símbolo de liberdade.
O filme em si é muito bom, apesar de ser um filme “pesado”, e eu recomendo fielmente.

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