Quando será a minha vez de ser amada? Quando será a minha vez? Pergunto-me se existirá uma vez para mim... Afinal de tudo, não passo de mais uma rapariga vulgar... Vulgar e frígida. Frígida. Ainda tenho mais esse defeito! Tivesse eu nascido sem coração, com uma pedra no seu lugar, e seria muito mais feliz! Idioticamente feliz. Mas feliz! Assim vejo-me condenada a este pranto, a este sentimento cruel, que me invade as entranhas da alma e cai pelo meus olhos... Nem esses me são fiéis...
Pois fujam agora! Fujam todos de mim! A condenada à solidão. Solidão essa que se alojou em mim, para eternamente conduzir o meu destino. E está a conduzi-lo sim. Direitinho a um precipício.
Agora a sério... Porquê eu? Pergunto-me se toda a gente se sente como eu. Se tal ocorrer vivo num mundo de hipócritas e palhaços. Sou a única a sentir que vivemos numa grande fachada?
Como posso jurar amor eterno a alguém que nunca me há de entender? Como posso eu deitar-me com alguém que condenaria os meus pensamentos se os soubesse, e me mortificaria por ter uma alma tão suja e obscura? E quem poderia ter uma alma tão obscura como a minha? Eu sei quem. Mas esse quem já escolheu outro alguém que não eu. E agora, que faço eu?
Ora está claro. Escrevo. Escrevo numa imitação rasca, uma tentativa digo eu, de chegar aos calcanhar de William Shakespeare, só porque ah e tal estou inspirada para isso. Obrigado, pelo menos essa não me falha nestas horas... Falhou-me por tantos meses e decidiu aparecer agora, a umas horas incrivelmente inoportunas.
É como sempre disse... Nunca ninguém me irá fazer sentir completa... Sempre irei atrás de mais e mais... Estou condenada a vaguear por esses mundos sem fim, em busca de um amor que nunca existiu para os pobres de espírito como eu...
Serei uma alma atormentada, condenada a revelar a maior mentira que existe neste mundo... E que nós tão carinhosamente denominamos de amor.
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