Viram-se pela primeira vez naquela festa. Clara, sentada no sofá, já tinha perdido conta às bebidas que tinha tomado... E Pedro, encostado ao balcão, olhava-a sem cessar por horas. Estavam assim desde o princípio, a olhar um para o outro, sorrindo levemente, como quem não está interessado.
Pouco depois uma rapariga vestida em algo que não devia ser para a sua idade, atravessou-se no caminho dos dois, tentando dançar com ele. Clara levantou-se do sofá e encostou-se à parede, de bebida na mão, sem tirar os olhos dele. Balançava-se violentamente ao som da música, de forma sexual e provocadora, quase como se pedisse para ser amarrada. Ele continuava a olhá-la, enquanto percorria as mãos pelo corpo da outra rapariga, uma espécie de fuga do seu desejo.
A música acabou e ela fez um gesto ao rapaz para irem para o piso de cima. Ele seguiu-a, correndo, com o seu corpo e a sua mente em chamas, embora não o quisesse admitir. Amarrou-a com força nas ancas e tentou-a beijar, sem efeito, pois ela meteu a sua mão em frente à sua boca, enquanto entornava a bebida gelada pela cabeça abaixo do rapaz.
- Idiota! Para que foi isso!?
- Para te acalmares.
- Acalmar-me? Vais dizer que não estavas a provocar-me ainda agora?!
- Sim. E agora vou provar-te que sou mais do que um escape para o teu desejo sexual. Vou fazer com que desejes o meu corpo, mas me ames a mim.
E Clara desceu, correndo e desaparecendo da festa, enquanto que ele se deixava cair, de mãos na cabeça, boquiaberto com o que lhe sucedera. Hipnotizado por ela.
(...)
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