segunda-feira, 25 de junho de 2012

Perdida

Ela abriu a porta do quarto dele, enquanto ele a amarrava pela cintura, e lhe beijava o pescoço. Ela estremeceu um pouco, olhou para ele, e sorriu. Entraram e ele encostou-a à parede. Primeiro beijou-a e depois olhou para ela, com os seus  grandes olhos azuis, respirou, e perguntou:
- Como é que disseste que te chamavas?
- Não disse. Chamo-me Helena.
Ela continuou a beijá-lo. Tiraram as suas camisolas, e ele afastou-se um pouco, para a contemplar. Era perfeita. A sua pele branca resplandecia. Quase brilhava. Era irreal de tão mágico que parecia. Os seus contornos eram únicos e tornavam-na num ser quase inventado. 
Ela amarrou-lhe o cinto das calças e puxou-o para o pé de si. Lentamente, e sorrindo-lhe, desapertou-o.
- Espera.- afastou-se um pouco - Não queres saber qual é o meu nome?
- Não. - respondeu ela, com a maior das honestidades.
Ele ficou estático, sem saber o que dizer. Nunca lhe tinha acontecido isto. Encontrou esta rapariga, mal vestida, prestes a ser atropelada por um comboio. Se não tivesse sido ele, ela teria morrido. Ele puxou-a para fora da linha e ela sorriu e caiu, inanimada. Quando acordou beijou-o na boca, com os seus lábios carnudos e encarnados, e agradeceu. Ele rendeu-se a ela, logo desde aquele momento. E ela rendeu-se a ele, logo desde aquele momento. Souberam que pertenciam um ao outro no instante em que os seus lábios se tocaram pela primeira vez. Mas um segredo a assombrava. O mundo achava-a louca, e ela achava o mundo louco. Era uma fugitiva, perdida na vida. E queria-se perder, com ele.
Ela recomeçou a beijá-lo e saltou para o colo dele, prendendo as pernas à volta da sua cintura. Ele apertou as suas nádegas com as mãos e beijou-lhe o pescoço, loucamente. Deitou-o na cama e começou a despi-la, enquanto ela se contorcia e passava as mãos pelo seu corpo quente. Aproximou-se dela e os seus corpos uniram-se num só. Como se não pudessem existir estando separados. Como se ele fosse a continuação dela, e ela a continuação dele. E assim ficaram pela noite dentro. Como um só.
Ela remexeu-se um pouco, e libertou-se dele e dos lençóis brancos. Levantou-se, vestiu a camisola quase transparente que deixava o seu ombro e o peito à vista, e foi sentar-se perto da janela. Pegou num cigarro e acendeu-o. Abriu a janela e debruçou-se sobre o parapeito, contemplando as estrelas e a lua, que desapareciam devagar, envergonhadas por não brilharem tanto o quanto ela brilhava. A manhã nascia e consigo os primeiros raios de sol, que embatiam sobre a sua face branca e pura. Ele acordou com o barulho, e ficou a observar aquele diamante em bruto. Naquele momento, por aquele instante, o tempo tinha parado, e as paredes azuis do seu quarto tinham-se desvanecido, permanecendo só ele e ela, no fundo branco do infinito.
- Fumas? - perguntou.
- Pensei que não. Mas pelos vistos sim. - respondeu ela, olhando o cigarro com especial atenção.
- Creio que estou apaixonado por ti.
- Não, não estás.
- Como podes afirmar isso com tanta certeza? - questionou ele, incrédulo com tamanha blasfémia.
- Tu não te apaixonaste por mim, nem me conheces! Tu sentes paixão por mim. Achas-me linda, invulgar e misteriosa e isso atrai-te de uma forma que nunca imaginaste. Sou o teu primeiro fetiche... Apaixonares-te, de verdade, é quando não consegues dormir, ou porque não páras de pensar nela, ou porque não queres parar de pensar nela. É dar-te vontade de não sair de perto dessa pessoa, e de, quando sais, só quereres voltar para o pé dela. É gostares tanto dela que a queres matar, só para que mais ninguém possa ter o que tu consideras teu por direito e de nascença; porque não queres que mais ninguém experimente a felicidade que tu experimentaste com ela, e porque não queres que ninguém fique com o que, tu crês, te foi destinado.
Ele não lhe conseguiu responder. Levantou-se, dirigiu-se a ela e tirou-lhe o cigarro da boca. Deu uma passa, e apagou-o. Beijou-lhe o rosto e sussurrou:
- Tal como eu disse, estou apaixonado por ti.
Ela sorriu e perguntou:
- Como te chamas?
- Chamo-me Nuno.
- Olá Nuno. O meu nome é Daniela.

4 comentários:

  1. Adonis Danfa6/26/2012

    I Love my girl

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  2. Joana Silva6/26/2012

    Escreves mesmo bem Maria João :)

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  3. Anónimo6/29/2012

    Adoro aquilo que escreves, és realmente uma grande escritora, e também uma grande mulher Maria (:

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