Gostaria de ser, um dia, poeta.
(Poetisa não, que soa-me mal,)
Sonhadora eu, de mente aberta,
De alma rude e instinto carnal.
Gostaria de ser quiçá sonhadora.
Talvez uma ave que possa voar,
De forma confusa e amadora...
Que só tenha desejo de planar!
Também eu desejo voar e fugir,
E outros mundos talvez conhecer.
Somente eu me estou a impedir,
Sei-lo até ao momento de perecer.
Na verdade não passo de uma farsa,
Uma amostra insignificante de ser,
Humana monótona, e sem graça,
Dá-me vómitos mesmo sem me ler.
Não sou poeta, não sou coisa alguma,
Não sou eu, nem sei como sei de mim.
Sou um nada que nada e que ruma,
Por esses mares de escuridão sem fim.
Mas quão farsa posso eu ser,
Se para tal vergonha admitir,
Precisei de pensar e escrever,
E, talvez, até mesmo sentir?
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