segunda-feira, 1 de agosto de 2011

A criada - parte VI ( o Final)



Levantei-me. Andei de um lado para o outro. Aproximei-me do corpo morto dele e beijei-lhe os lábios frios.
- Sofia… - sussurrei-lhe aos ouvidos – O meu nome é Sofia.
Decidi partir. Doía muito estar ali. Andei muito tempo seguido. Quando as lágrimas inundavam a minha cara eu corria. Corria mesmo muito. Depois parava e recomeçava a andar. Tentava não pensar nele.
Eram já seis horas da tarde, por volta disso, quando cheguei à cidade mais próxima. Vi um vestido de noiva lindo. Queria tanto um igual…
Entrei na loja. Experimentei o vestido… Ficava linda nele… Comecei a chorar…
- Que se passa? – perguntou-me uma das empregadas da loja.
- Fiquei sem noivo…
- Assério? Ele trocou-a por outra? Deixou-a plantada? Fugiu?
- Algo do género…
- Mas fica uma noiva tão bonita! Fazemos assim, eu vou fechar os olhos e vais começar a correr daqui para fora está bem?
- Está a falar assério?
- Sim! Todas nós temos o direito de viver os nossos sonhos!
Saí da loja a correr. Corri até uma ponte muito alta. Comecei-me a rir. Comecei-me a rir mesmo muito. De repente fiquei séria. Ergui um pouco o vestido, o suficiente para poder subir para o muro daquela ponte de pedra. Sentei-me um pouco, de olhos postos no rio, a ver o pôr do sol. Que beleza incondicional!
Foi então que decidi criar um final para a minha história.
Inspirei o ar daquele fim de tarde, em cima do muro, senti o vento frio na minha face, fechei os olhos e atirei-me ao meu destino.
Mas de repente senti algo a puxar-me para viver. Abri os olhos. Era ela, que com um sorriso enorme, me agarrava na mão e me puxava, com a sua força sobrenatural.
Quem era ela? Não sei. Sei que a partir desse momento lhe dei a minha mão e lhe confiei a minha vida. Espero não me arrepender.
Caminhamos as duas, sorrindo, seguidas pelo pôr do sol.

Fim.
Por Maria Vieira

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