sexta-feira, 27 de maio de 2011

Sangue.

Sangue. O doce som de lágrimas a escorrer pelas faces aleatórias de quem matei. Lembranças que me põem um sorriso na cara. Um corvo da morte lá fora espera por mim, empoleirado naquele espantalho, que em tempos fora um Homem de família. Posso afirmar que me sirvo das pessoas. De uma forma demasiado literal. Estranha, esquecida, estudo os puzzles que são as vidas das pessoas. Alimento-me das suas dores, dos seus sonhos corrompidos, dos seus desejos jamais cumpridos, tal como a homicida passiva que eu sou.
Nunca me inseri na sociedade. Sou uma enviada da escuridão com sede de sangue, revoltada, em busca de vingança. Na decadência em que vivo e sobrevivo não há tempo para a redenção. O cheiro pútrido a morte enche os pequenos compartimentos onde nós, os enviados, nos alimentamos das nossas vítimas. Não importa o quão mau esta imagem te pareça, é pura verdade. Por isso não fujas. Não chores. Não grites. Ou melhor grita, grita o mais que puderes. Conforta-me com uma doce melodia para os meus ouvidos, com uma doce tentativa de me chamares à razão...ou de me aclamares HOMICIDA! Por um momento sentir-me-ei tentada a deixar-te sair. A deixar-te escapar desse teu destino. Mas por um momento apenas. Depois serás meu. Conforta-me com os teus gritos, pois por um momento saberei que não estou só neste mundo que me atormenta pela eternidade.

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