sexta-feira, 19 de novembro de 2010

CNL

Estou tão constipada :C

Hoje estive a rever fotos antigas e lembrei-me de um momento que marcou a minha vida. Esta minha paixão pela leitura e escrita já é bem antiga (com 10 aninhos escrevi um caderno de poesia)...Ora, um dos muitos concursos em que participei foi o Concurso Nacional de Leitura - Ler +. Acho que está na hora de falar um pouco sobre ele e, já agora deitar algumas coisas que me ficaram entaladas na garganta por muito tempo.
O CNL é um concurso de leitura para o 3º ciclo e ensino secundário (quando participei estava no 9º ano). Passei a nível de escola, e fui às regionais, em arcos de Valdevez. Li muito, estudei muito os livros, sofri muito pela falta de tempo, mas consegui. Fizemos todos um teste escrito sobre as obras que lemos e, dos muitos que estavam lá (eu era o número 54 só para verem, e não estava nem perto dos últimos) apenas 10 passariam à 2º fase. Fui o 10º número a ser chamado. Lembro-me de ter ficado em choque xD
Aguentei-me na competição e consegui, juntamente com outra rapariga, passar as finais. Wow...
Com os exames perto, com testes, trabalhos, atletismo e por aí fora estava muito ocupada e precisei de fazer um esforço sobrenatural para ler as obras... Quando dei por mim tinha ficado doente, estava fraca, triste e esquecia-me de coisas básicas, como comer e dormir e demorava muito tempo a lembrar-me dos nomes das pessoas que conviviam comigo à anos...
Mas fui a Lisboa. E não ganhei (apesar de ter ficado num dos melhores lugares). A organização era mesmo muito má (não, não me estou a desculpar). Antes do concurso havia concorrentes a ver as perguntas que iam sair. Os computadores não estavam a dar. O meu micro deixou de funcionar a meio da leitura. Enfim.
Soube que não ia passar à "finalíssima" nessa tarde, e saí porta fora do auditório, sozinha, sem conhecer nada daquilo e comecei a andar e a chorar. A culpa não tinha sido minha. Tinha sido um erro de uma pergunta que me fez baixar a pontuação.
Mais tarde, depois de um passeio voltei ao auditório (o concurso ainda decorria) e sentei-me junto da minha mãe. Numa das perguntas que eles fizeram eu reparei que estava mal estruturada. Falava em patas, mas era caras. E o rapaz que a respondeu, não fazia ideia do que eles estavam a falar...Pudera.
Lembro-me perfeitamente de dizer à minha mãe, baixinho: Há um erro. Vai-lhe acontecer o mesmo que me aconteceu a mim. Eu já volto.
E fui por detrás do auditório...falei com uma secretária lá...que me deixou falar com o chefe da produção e eu expliquei-lhe que estava mal, e que ele tinha de dar os 20 pontos ao rapaz.
Mais tarde o Malato (apresentador) disse que eles tinham detectado um erro (eles?!) e que o Tomás tinha direito a mais vinte pontos. Graças ao erro que eu detectei ele estava agora na primeira posição...O que me fez passar para 14º, ou seja, prejudiquei-me e muito.
Quando estava a voltar para me sentar vi a minha mãe e o meu professor a falar com duas senhoras (tinham-me seguido e sabiam de tudo). Uma senhora veio a correr e abraçou-me e disse que eu era um anjo (ahah). Estava tão enervada que comecei a chorar e disse que não tinha feito nada de mais e que não queria que ninguém soubesse. Depois desliguei-me um pouco do concurso, estava tão cansada...Só sei que quando ia a sair as pessoas olharam para mim e umas aplaudiram, outras sorriram e eu fiquei mesmo envergonhada..
Mais tarde recebi estes mails:

Sent:Monday, June 01, 2009 5:39:45 AM
To: marialol14@hotmail.com

Boa tarde, minha querida…

Sou a professora de Língua Portuguesa que acompanhou o aluno Tomás ***, da Escola Secundária ***, nas provas nacionais do Concurso Nacional de Leitura.

Foi um enorme prazer conhecer-te, ontem…

De facto, por vezes, do caos surge a luz…

Das vivências destes dois atribulados dias em que participámos na Semifinal e na Final do Concurso Nacional de Leitura, há algo que guardarei para sempre: a partilha com os colegas e os alunos de outras escolas…

Antes de mais, uma palavra de apreço e de reconhecimento pela tua atitude de altruísmo e verdade… Deste, a todos os presentes, uma enorme prova de integridade. Em meu nome particular, em nome da escola que represento e em nome do meu aluno, obrigada!

Como poderás reparar quando for transmitido o programa televisivo, o nosso menino não estará presente... Na verdade, esta manhã, sentiu-se indisposto e não conseguiu recuperar atempadamente para participar na gravação da Final… Estamos todos muito tristes, mas o que nos preocupa verdadeiramente é que ele fique bem… Terá decerto novas e numerosas oportunidades de confirmar o que vale, como provou, ontem, ao vencer todos os painéis…

Até breve.

Tive muito gosto em conhecer-te.

Beijinhos.


E este:


Olá Maria!

Sou a mãe do Tomás, o colega que tu tiveste a iniciativa louvável de ajudar, corrigindo o júri do Concurso Nacional de Leitura. Quero dizer-te hoje, tal como no dia 30 de Maio o disse: muito obrigada! O teu gesto será para sempre lembrado por nós!
Já tinha pensado escrever-te antes, mas só hoje a professora do Tomás me passou o teu email.
Naquele dia muitas coisas boas aconteceram, culminando com a classificação do Tomás em 1º lugar na semi-final, mas também outras menos boas: o tempo de espera por causa dos problemas técnicos, o calor, a falta de condições no exterior da sala de gravação, o facto de termos saído de lá às 22.45h sem jantar, termos ainda que procurar o hotel e uma vez lá não termos nada de jeito para comermos...enfim...
E agora vem a parte ainda menos boa de que faço questão te dar conta através deste mail: na manhã do dia 31 o Tomás acordou bem disposto, tomou um pequeno almoço completo, mas passado um pouco começou a sentir-se mal, com náuseas, arrefecimento geral, vontade de vomitar...Fomos ainda até ao local das gravações, mas a sua tensão arterial estava tão baixa, que teve que receber assistência na ambulância de serviço naquele local. As circunstâncias adversas do dia anterior e o pouco tempo para recuperar do stress intenso de que foi alvo, assim como o seu sistema nervoso de criança sensível atraiçoaram-no e ele não teve condições físico/psicológicas para ir à final...
Foi com muita pena que ele tomou a decisão, que nós apoiámos, porque o que nos importa é o bem estar do nosso filho!
De facto naquele momento era um risco sujeitar-se às provas da final que implicariam sempre muita concentração, energia e controle do stress, coisa difícil mas que se aprende e que o Tomás vai tentando aprender, embora por vezes seja impossível fazer como gostaria.
Por isso, querida Maria, não irás ver o Tomás que ajudaste, na final do Concurso Nacional de Leitura...
Foram momentos muito difíceis, como deves imaginar, mas ainda viemos almoçar a casa e à tarde já ele tinha a sua tensão arterial estabilizada.
Entretanto recebi um telefonema da Drª Isabel Alçada (Directora do Plano Nacional de Leitura) que manifestou a sua preocupação e sabendo que o Tomás já estava a recuperar, pediu ao Tomás para não desistir e para concorrer no próximo ano. O mesmo aconteceu num telefonema da Lara Fernandes (Funcionária da Mandala) e ambos os telefonemas me sensibilizaram, como podes imaginar...
O Tomás manifestou então que tenciona de facto concorrer no próximo ano! Espero só que, no caso de ser seleccionado, haja melhores condições e então que possamos encontrar-nos lá também contigo, ok?
Para já envio-te as fotos que fiz no dia em que te conhecemos, com todo o gosto!
E se quiseres passar por Porto de Mós, lembra-te que tens cá pessoas amigas que te abrirão a porta com todo o prazer! É só dizeres, sim?

Cumprimentos para ti e tua família

Um abraço amigo com muita estima

Foram sem dúvida palavras estas que nunca vou esquecer...

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